"Sou uma mulher madura
Que às vezes anda de balanço
Sou uma criança insegura
Que às vezes usa salto alto
Sou uma mulher que balança
Sou uma criança que atura"
Martha Medeiros
domingo, 28 de junho de 2009
" No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não conseguiu levar: um estribilho antigo um carinho no momento preciso o folhear de um livro de poemas o cheiro que tinha um dia o próprio vento..."
"Quero, um dia, dizer às pessoas que nada foi em vão...
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas, que a vida é bela sim e que eu sempre dei o melhor de mim...
e que valeu a pena."
Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver. Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel. Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.
Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo.
Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está conosco, juntinho ao nosso lado. E a gente ri grande, que nem menino arteiro.
(Carlos Drummond de Andrade)
terça-feira, 9 de junho de 2009
Ele vai me possuindo Não me possuindo Num canto qualquer É como as águas fluindo Fluindo até o fim É bem assim que ele me quer Meu namorado Meu namorado Minha morada É onde for morar você
Ele vai me iluminando Não iluminando Um atalho sequer Sei que ele vai me guiando Guiando de mansinho Pro caminho que eu quiser Meu namorado Meu namorado Minha morada é onde for morar você
Vejo meu bem com seus olhos E é com meus olhos Que o meu bem me vê
É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas, teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento das horas ponha um frêmito em teus cabelos... É preciso que a tua ausência trescale sutilmente, no ar, a trevo machucado, as folhas de alecrim desde há muito guardadas não se sabe por quem nalgum móvel antigo... Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e respirar-te, azul e luminosa, no ar. É preciso a saudade para eu sentir como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida... Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista que nunca te pareces com o teu retrato... E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.
Lí esse artigo há alguns anos atrás e adorei, resolví coloca-lo no meu blog.
Vale a pena ler:
TIMO: a chave da energia vital Da jornalista e pesquisadora Sonia Hirsch
No meio do peito, bem atrás do osso onde a gente toca quando diz "eu", fica uma pequena glândula chamada timo. Seu nome em grego, thýmos, significa energia vital. Precisa dizer mais? Precisa, porque o timo continua sendo um ilustre desconhecido. Ele cresce quando estamos contentes, encolhe pela metade quando estressamos e mais ainda quando adoecemos.
Essa característica iludiu durante muito tempo a medicina, que só o conhecia através de autópsias e sempre o encontrava encolhidinho. Supunha-se que atrofiava e parava de trabalhar na adolescência, tanto que durante décadas os médicos americanos bombardeavam timos adultos perfeitamente saudáveis com megadoses de raios X achando que seu "tamanho anormal" poderia causar problemas.
Mais tarde a ciência demonstrou que, mesmo encolhendo após a infância, continua totalmente ativo. É um dos pilares do sistema imunológico, junto com as glândulas adrenais e a espinha dorsal, e está diretamente ligado aos sentidos, à consciência e à linguagem. Como uma central telefônica por onde passam todas as ligações, faz conexões para fora e para dentro. Se somos invadidos por micróbios ou toxinas, reage produzindo células de defesa na mesma hora.
Mas, também é muito sensível a imagens, cores, luzes, cheiros, sabores, gestos, toques, sons, palavras, pensamentos. Amor e ódio o afetam profundamente. Idéias negativas têm mais poder sobre ele do que vírus ou bactérias. Já que não existem em forma concreta, o timo fica tentando reagir e enfraquece, abrindo brechas para sintomas de baixa imunidade, como herpes. Em compensação, idéias positivas conseguem dele uma ativação geral em todos os poderes, lembrando a fé que remove montanhas.
O teste do pensamento é um teste simples pode demonstrar essa conexão. Feche os dedos polegar e indicador na posição de o.k, aperte com força e peça para alguém tentar abrí-los enquanto você pensa " estou feliz". Depois repita pensando "estou infeliz". A maioria das pessoas conserva a força nos dedos com a idéia feliz e enfraquece quando pensa infeliz. Substitua os pensamentos por uma bela sopa de legumes ou um lindo sorvete de chocolate para ver o que acontece...
Esse mesmo teste serve para lidar com situações bem mais complexas. Por exemplo, quando o médico precisa de um diagnóstico diferencial, seu paciente tem sintomas no fígado que tanto podem significar câncer quanto abcessos causados por amebas. Usando lâminas com amostras, ou mesmo representações gráficas de uma e outra hipótese, testa a força muscular do paciente quando em contato com elas e chega ao resultado. As reações são consideradas respostas do timo e o método, que tem sido demonstrado em congressos científicos ao redor do mundo, já é ensinado na Universidade de São Paulo (USP) a médicos acupunturistas.
O detalhe curioso é que o timo fica encostadinho no coração, que acaba ganhando todos os créditos em relação a sentimentos, emoções, decisões, jeito de falar, jeito de escutar, estado de espírito..." Fiquei com o coração apertadinho", por exemplo, revela uma situação real do timo, que só por reflexo envolve o coração.
O próprio chacra cardíaco, fonte energética de união e compaixão, tem mais a ver com o timo do que com o coração. E é nesse chacra que, segundo os ensinamentos budistas, se dá a passagem do estágio animal para o estágio humano.
"Lindo!", você pode estar pensando, "mas e daí?". Daí que, se você quiser, pode exercitar o timo para aumentar sua produção de bem estar e felicidade. Como? Pela manhã, ao levantar, ou à noite, antes de dormir:
a) Fique de pé, os joelhos levemente dobrados. A distância entre os pés deve ser a mesma dos ombros. Ponha o peso do corpo sobre os dedos e não sobre o calcanhar, e mantenha toda a musculatura bem relaxada.
b) Feche qualquer uma das mãos e comece a dar pancadinhas contínuas com os nós dos dedos no centro do peito, marcando o rítimo assim: uma forte, duas fracas.
Continue entre três e cinco minutos, respirando calmamente, enquanto observa a vibração produzida em toda a região torácica. O exercício estará atraindo sangue e energia para o timo, fazendo-o crescer em vitalidade e beneficiando também pulmões, coração, brônquios e garganta. Ou seja, enchendo o peito de algo que já era seu e só estava esperando um olhar de reconhecimento para se transformar em coragem, calma, nutrição emocional, abraço. Ótimo, íntimo, cheio de estímulo!
Bendito Timo!
(Da jornalista e pesquisadora Sonia Hirsch.)
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Para ser feliz é preciso coisas simples,
como um sorriso nos lábios e um coracao aberto.
É preciso acreditar no dia seguinte,
amar,
correr com a vida,
sem deixar ela te atropelar.
Precisa ter um olhar novo a cada dia,
expulsar o velho,
fechar a porta.
Acredite é possível.
Ter muitas vezes olhar de crianca e busca ingênua.
"Não sou a areia onde se desenha um par de asas ou grades diante de uma janela. Não sou apenas a pedra que rola nas marés do mundo, em cada praia resnascendo outra. Sou a orelha encostada na concha da vida, sou construção e desmoronamento, servo e senhor, e sou mistério. A quatro mãos escrevemos este roteiro para o palco do meu tempo: o meu destino e eu. Nem sempre estamos afinados, nem sempre nos levamos a sério."
(Lya Luft)
sábado, 6 de junho de 2009
Sempre quis um amor que falasse que soubesse o que sentisse. Sempre quis uma amor que elaborasse Que quando dormisse ressonasse confiança no sopro do sono e trouxesse beijo no clarão da amanhecice. Sempre quis um amor que coubesse no que me disse. Sempre quis uma meninice entre menino e senhor uma cachorrice onde tanto pudesse a sem-vergonhice do macho quanto a sabedoria do sabedor. Sempre quis um amor cujo BOM DIA! morasse na eternidade de encadear os tempos: passado presente futuro coisa da mesma embocadura sabor da mesma golada. Sempre quis um amor de goleadas cuja rede complexa do pano de fundo dos seres não assustasse. Sempre quis um amor que não se incomodasse quando a poesia da cama me levasse. Sempre quis uma amor que não se chateasse diante das diferenças. Agora, diante da encomenda metade de mim rasga afoita o embrulho e a outra metade é o futuro de saber o segredo que enrola o laço, é observar o desenho do invólucro e compará-lo com a calma da alma o seu conteúdo. Contudo sempre quis um amor que me coubesse futuro e me alternasse em menina e adulto que ora eu fosse o fácil, o sério e ora um doce mistério que ora eu fosse medo-asneira e ora eu fosse brincadeira ultra-sonografia do furor, sempre quis um amor que sem tensa-corrida-de ocorresse. Sempre quis um amor que acontecesse sem esforço sem medo da inspiração por ele acabar. Sempre quis um amor de abafar, (não o caso) mas cuja demora de ocaso estivesse imensamente nas nossas mãos. Sem senãos. Sempre quis um amor com definição de quero sem o lero-lero da falsa sedução. Eu sempre disse nãoà constituição dos séculos que diz que o "garantido" amor é a sua negação. Sempre quis um amor que gozasse e que pouco antes de chegar a esse céu se anunciasse. Sempre quis um amor que vivesse a felicidade sem reclamar dela ou disso. Sempre quis um amor não omisso e que suas estórias me contasse. Ah, eu sempre quis uma amor que amasse.
Só fico à vontade na minha cidade. Volto sempre a ela, feito criminosa... Doce e dolorosa, a minha história escorre aqui. Há quem não se importe mas a Zona Norte é feito cigana lendo a minha sorte: sempre que nos vemos ela diz quanto eu sofri. E Copacabana, a linda meretriz-princesa, Loura Mãe de Santo com sua gargantilha acesa... ela me ensinou pureza e pecado, a respiração do mar revoltado... Rio de Janeiro, favelas no coração.
(Fátima Guedes)
"Quem faz um poema abre uma janela. Respira, tu que estás numa cela abafada, esse ar que entra por ela. Por isso é que os poemas têm ritmo - para que possas profundamente respirar. Quem faz um poema salva um afogado."
Mario Quintana
segunda-feira, 1 de junho de 2009
O CONTRÁRIO DE BONITO É FEIO, DE RICO É POBRE, DE PRETO É BRANCO, ISSO SE APRENDE ANTES DE ENTRAR NA ESCOLA.
SE VOCÊ FIZER UMA ENQUETE ENTRE AS CRIANÇAS, OUVIRÁ TAMBÉM QUE O CONTRÁRIO DO AMOR É O ÓDIO.
ELAS ESTÃO ERRADAS. FAÇA UMA ENQUETE ENTRE ADULTOS E DESCUBRA A RESPOSTA CERTA: O CONTRÁRIO DO AMOR NÃO É O ÓDIO, É A INDIFERENÇA.
O QUE SERIA PREFERÍVEL? QUE A PESSOA QUE VOCÊ AMA PASSASSE A LHE ODIAR, OU QUE LHE FOSSE TOTALMENTE INDIFERENTE?
QUE PERDESSE O SONO IMAGINANDO MANEIRAS DE FAZER VOCÊ SE DAR MAL OU QUE DORMISSE FEITO UM ANJO A NOITE INTEIRA, ESQUECIDO POR COMPLETO DA SUA EXISTÊNCIA?
O ÓDIO É TAMBÉM UMA MANEIRA DE SE ESTAR COM ALGUÉM. PARA ODIAR ALGUÉM, PRECISAMOS RECONHECER QUE ESSE ALGUÉM EXISTE E QUE NOS PROVOCA SENSAÇÕES, POR PIORES QUE SEJAM.
PARA ODIAR ALGUÉM GASTAMOS ENERGIA, NEURÔNIOS E TEMPO. JÁ PARA SERMOS INDIFERENTES A ALGUÉM, PRECISAMOS DO QUÊ? DE COISA ALGUMA.
A PESSOA EM QUESTÃO PODE SALTAR DE BUNG-JUMP, ASSISTIR AULA DE FRAQUE, GANHAR UM OSCAR OU UMA PRISÃO PERPÉTUA.... NÃO ESTAMOS NEM AÍ.
A INDIFERENÇA, SE TIVESSE UMA COR, SERIA COR DA ÁGUA, COR DO AR, COR DE NADA.
UMA CRIANÇA NUNCA EXPERIMENTOU ESSA SENSAÇÃO: OU ELA É MUITO AMADA, OU CRITICADA PELO QUE APRONTA.
SÓ BEM MAIS TARDE, QUANDO NECESSITAR DE UMA ATENÇÃO QUE NÃO SEJA MATERNA OU PATERNA, É QUE DESCOBRIRÁ QUE O AMOR E O ÓDIO HABITAM O MESMO UNIVERSO, ENQUANTO QUE A INDIFERENÇA É UM EXÍLIO NO DESERTO.